Os caminhos da nossa água

A falta de saneamento básico faz com que os rios Ipiranga, Poços e Queimados despejem esgoto na bacia do Guandu que, por sua vez, também recebe esgoto “in natura”. Isso causa uma grande proliferação de algas, como se jogasse adubo em uma plantação. Algumas destas algas produzem cianobactérias que liberam várias toxinas. Uma delas é a ultimamente famosa geosmina, que, a princípio, não oferece grandes riscos à saúde. Mas, outras toxinas, igualmente produzidas, são tóxicas para o nosso organismo. Neste local que é feita a captação de água da CEDAE.

A CEDAE tem dito que a água é potável, pois o que tem causado o mau cheiro, gosto e odor ruins é a presença da geosmina, que não faz mal à saúde. Ou seja, mostram apenas a ponta do iceberg. A qualidade desta água fornecida já está em desacordo com a Portaria N⁰ 2.914/2011 do Ministério da Saúde, mas, ainda assim, precisa de uma análise mais completa para medir o grau de contaminação.

Também é necessário o envolvimento da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, pois compete a ela, junto com os vereadores, inspecionar e exercer a vigilância da qualidade da água distribuída no município.

Com tudo isso, ainda temos que escutar nosso governador levantar a hipótese de sabotagem.

Se a poluição dos nossos rios e a péssima qualidade da água que está sendo distribuída a milhões de pessoas na cidade mais famosa do Brasil é fruto de algum sabotador, trata-se de um grande ataque terrorista. Deveríamos notificar a Interpol, além de pedir auxílio internacional e ao Papa. Com todo respeito, senhor governador, fala sério!

O termo não é sabotagem, mas outro …

Ataque aéreo !!

Com as chuvas, aumentam as chances de coleções de água parada que servem como criadouros de mosquitos como, por exemplo, o aedes aegypti.

O acesso a esses verdadeiros reservatórios de larvas do mosquito nem sempre é simples. Locais de difícil acesso, ou mesmo imóveis particulares e abandonados, podem abrigar terrenos baldios com estes nascedouros.

A Prefeitura poderia utilizar drones, como os utilizados na agricultura. Eles serviriam para identificar estes focos e combatê-los, com pulverização de inseticida nestes reservatórios de água parada.

E continua a saga do Cabral …

Mesmo após o presidente da CEDAE, Hélio Cabral, pedir desculpas à população pelos “transtornos”, a água das torneiras na Zona Norte, Zona Leste e Baixada Fluminense continua suja. “A água que sai da minha torneira eu bebo”, afirmou Cabral. Será que ele mora em algum desses locais?

A companhia prometeu que, na próxima semana, a água proveniente do Guandú já estará límpida e sem cheiro. A sugestão dada à população foi de esvaziar a caixa d’água e limpá-la. Certo, mas quem pagará pela água suja jogada fora? Haverá um desconto na próxima conta? A despesa na compra de garrafões de água limpa, a preços abusivos, vai ser ressarcida?

Pergunte ao Cabral…

Saúde e Educação: sempre unidos, sempre esquecidos

O Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) publicou, neste mês de dezembro, uma pesquisa, realizada entre os anos de 2001 e 2013, sobre como atrair médicos para as áreas mais carentes destes profissionais. Foi observado que, embora também de grande relevância, os salários e a infraestrutura não foram os fatores que mais influenciaram na escolha do local de trabalho. Os estudos revelaram que o que mais pesou na opção pela região onde trabalhar foi a proximidade dos locais onde residem ou estudaram.

Segundo as pesquisas do Prof. Dr. Mário Scheffer (Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), ocorreu um crescimento linear na proporção de médicos de 1980 (1,15 médicos/1000 habitantes) até 2015 (2,11 médicos/1000 habitantes), quando iniciou um crescimento menos acelerado e fechou o ano de 2018 com 2,18 médicos/1000 habitantes. Porém, sempre foi constatado que persiste a desigualdade na distribuição dos médicos, com maior concentração deles nas regiões Sudeste e Sul e, principalmente, nas capitais dos estados (interior do Rio de Janeiro com 2,11 médicos/1000 habitantes e o interior do Piauí com 0,01 médicos/1000 habitantes).

De volta à pesquisa do IEPS, fica demonstrado melhor custo-benefício no investimento em construção de novas escolas de Medicina, em relação aos recursos utilizados nos programas governamentais dos modelos “Mais Médicos” ou “Médicos Pelo Brasil”.

Sendo assim, penso que o Ministério da Saúde deveria rever a estratégia que visa a melhoria na distribuição dos médicos pelo Brasil, com objetivo de aumentar a abrangência da assistência à saúde em nosso país. Se a intenção é o desenvolvimento, é imperativo e urgente investir em Saúde e Educação, e não só utilizar como apenas bandeiras de campanha eleitoral.

Fundo eleitoral

Os recursos públicos destinados as campanhas eleitorais terão, em 2020, aumento de R$ 300.000.000,00. Apenas cinco, dos 33 partidos políticos legalizados no país, foram contra este aumento, incluindo o NOVO. No total, R$ 2 bilhões de reais sairão dos cofres públicos.

Uma vergonha!!!!!


Este recurso sai dos impostos que nós pagamos. O Fundo Eleitoral e o Fundo Partidário têm que acabar. Não é correto termos que financiar partidos políticos que, na maioria, nem concordamos com suas ideias.

Que política queremos?

Por vezes me pergunto por quê se perde tanto tempo na mídia com trocas de acusações, como se estivéssemos eternamente na polarização de uma campanha eleitoral, enquanto o país necessita de ideias, projetos e ações. Não é novidade para ninguém o grande potencial que tem o Brasil. Porém, nosso crescimento é cerceado pelo egoísmo e egocentrismo de boa parte de nossa classe política, cujos objetivos são vantagens financeiras e poder. Frequentemente, vemos a atividade parlamentar se limitar às articulações políticas, com objetivos, estritamente, pessoais ou partidários. Em outras ocasiões, os políticos se prendem a discussões sobre falas de adversários, não raro fora de contexto, na clara intenção de jogar a opinião pública contra eles, ou ainda, jogar uma “cortina de fumaça” para encobrir atos pouco republicanos.

O país necessita de uma atuação mais digna de nossos mandatários, com foco no bem-estar da nossa população. Precisamos, sim, de ações sociais para os mais carentes, bem como um ambiente propício ao empreendedorismo, para que haja geração de empregos e riquezas para o Brasil. Também não podemos esquecer do nosso capital intelectual, que vem em uma crescente exportação em busca de melhores oportunidades. É prioritário uma atenção especial ao ensino e pesquisa para a prosperidade de qualquer país. É imperativo uma limpeza em nossa classe política, para que lá permaneçam apenas pessoas abnegadas de interesses pessoais e que tenham como objetivo único trabalhar em prol do Brasil.

Não há mais espaço para a velha política.