O papanicolau é um exame muito importante, que tem o objetivo de fazer o diagnóstico precoce das lesões precursoras do câncer do colo do útero. Também chamado de preventivo, ele deve ser realizado por todas as mulheres, sexualmente ativas, uma vez ao ano. Caso o resultado seja negativo por três anos seguidos, o intervalo pode aumentar de acordo com a orientação médica.
Há anos que venho alertando sobre a necessidade de um combate efetivo no enfrentamento da sífilis. Na região metropolitana do Rio de Janeiro temos uma quantidade absurda de casos desta doença o que é diagnosticada com um exame simples, que qualquer laboratório é capaz de realizar, e curada com com o antibiótico mais antigo do mundo, a penicilina. Não acredito que campanhas, de forma isolada, consigam diminuir a taxa de infectados. Isso vem sendo tentado, há décadas, sem sucesso. Junto com essas campanhas de conscientização, é fundamental que tenhamos ações para uma análise crítica dos casos identificados, treinamento e educação continuada dos profissionais de saúde, além de disponibilidade suficiente de métodos de proteção, exames e medicamentos.
Infelizmente, a prefeitura do Estado do Rio não possui uma política habitacional, fiscalização eficiente de construções irregulares e nem um planejamento urbano para diminuir os desastres provocados pelos temporais.
A falta de Postos de Orientação Urbanístico e Social, órgãos da prefeitura, capazes de orientar a população sobre o que ou não ser construído no município, também contribui para este problema.
Com esta falta de planejamento urbano e a impermeabilização descontrolada das áreas de escoamento da água das chuvas, temos esses constantes problemas de inundação e alagamento.
Infelizmente em nosso país, o entendimento de investimento em Educação está relacionado à contratação de professores e construção de escolas. Além disso, as atenções têm sido voltadas para o nível superior, há décadas, e acabaram por negligenciar o cuidado que deveria ser dado aos professores do ensino básico.
Um professor bem preparado, preferencialmente com conhecimento de neurociências e das teorias pedagógicas, é capaz de identificar, e respeitar, o ritmo de aprendizado de cada criança, principalmente no início do Ensino Fundamental, onde a cognição e a personalidade ainda estão em desenvolvimento.
Estarão estes profissionais realmente preparados para tamanho desafio? A formação destes professores está de acordo com a qualificação profissional que se faz necessária para o dia a dia em sala de aula, tomando por base que cada aluno constitui um universo em si?
Os índices de alunos que não conseguem concluir com sucesso estes primeiros anos, e a consecutiva criação de turmas de correção de fluxo, apontam que não.
Por isso, há a necessidade de revisão dos currículos das faculdades nos cursos de formação, extensão e pós-graduação de professores. Cabe ressaltar que a responsabilidade para este investimento pertence aos órgãos públicos de Educação e não aos profissionais de ensino. Além disso, também precisamos incluir aqui a formação em serviço com cursos de educação continuada, tão necessária para a sustentabilidade da qualidade do ensino.
Assim sendo, antes de mais escolas ou mais professores, é fundamental que haja um investimento maciço na formação destes profissionais.
A falta de saneamento básico faz com que os rios Ipiranga, Poços e Queimados despejem esgoto na bacia do Guandu que, por sua vez, também recebe esgoto “in natura”. Isso causa uma grande proliferação de algas, como se jogasse adubo em uma plantação. Algumas destas algas produzem cianobactérias que liberam várias toxinas. Uma delas é a ultimamente famosa geosmina, que, a princípio, não oferece grandes riscos à saúde. Mas, outras toxinas, igualmente produzidas, são tóxicas para o nosso organismo. Neste local que é feita a captação de água da CEDAE.
A CEDAE tem dito que a água é potável, pois o que tem causado o mau cheiro, gosto e odor ruins é a presença da geosmina, que não faz mal à saúde. Ou seja, mostram apenas a ponta do iceberg. A qualidade desta água fornecida já está em desacordo com a Portaria N⁰ 2.914/2011 do Ministério da Saúde, mas, ainda assim, precisa de uma análise mais completa para medir o grau de contaminação.
Também é necessário o envolvimento da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, pois compete a ela, junto com os vereadores, inspecionar e exercer a vigilância da qualidade da água distribuída no município.
Com tudo isso, ainda temos que escutar nosso governador levantar a hipótese de sabotagem.
Se a poluição dos nossos rios e a péssima qualidade da água que está sendo distribuída a milhões de pessoas na cidade mais famosa do Brasil é fruto de algum sabotador, trata-se de um grande ataque terrorista. Deveríamos notificar a Interpol, além de pedir auxílio internacional e ao Papa. Com todo respeito, senhor governador, fala sério!
Com as chuvas, aumentam as chances de coleções de água parada que servem como criadouros de mosquitos como, por exemplo, o aedes aegypti.
O acesso a esses verdadeiros reservatórios de larvas do mosquito nem sempre é simples. Locais de difícil acesso, ou mesmo imóveis particulares e abandonados, podem abrigar terrenos baldios com estes nascedouros.
A Prefeitura poderia utilizar drones, como os utilizados na agricultura. Eles serviriam para identificar estes focos e combatê-los, com pulverização de inseticida nestes reservatórios de água parada.
Nos últimos dias, os moradores da Zona Oeste e Zona Norte de nossa cidade têm recebido uma água turva, com odor forte e sabor de terra. Além disso, as UPAs de Campo Grande e de Santa Cruz tiveram mais do que o dobro dos atendimentos que costumavam ter de casos com gastroenterite, diarreia e vômitos.
Segundo a CEDAE, a água está turva pela presença de geosmina e que esta é uma substância inofensiva, produzida por algas. Mas o que ela não diz é que esta substância em altas concentrações pode, sim, ser tóxica e causar náuseas. O que ela não diz, também, é que a presença da geosmina indica a proliferação de outros microrganismos que produzem toxinas que podem atingir o fígado e o sistema nervoso central.
Diante desta situação, vale seguir as recomendações do Prof. Gandhi Giordano, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Faculdade de Engenharia da UERJ. Diz ele: “Acredite na sua percepção. Coloque a água em copo transparente e observe. Se ela possuir cor ou odor estranhos, não beba. Essa água não é potável”. E continua: “Dependendo do estado da água, até escovar os dentes pode conter riscos de contaminação”.
Mesmo quando já estiver recebendo a água limpa, a população que percebeu este problema, deve lavar bem a caixa d’água, pois esse recipiente foi contaminado. Além disso, é importante trocar o filtro por outro, de preferência com vela de carvão ativado, para ter a certeza que o excesso de cloro também está sendo filtrado.
Agora, é importante que as Vigilâncias Sanitárias do estado e do município, bem como os vereadores de nossa cidade, cumpram seu papel de fiscalização. Entendo como indícios de negligência da CEDAE o fato de não ter percebido, minimamente, a turbidez da água antes de tê-la distribuído.
Por fim, este episódio reforça, também, a importância do investimento no reflorestamento e na despoluição dos rios. Caso contrário, continuamos recebendo água que passarinho não bebe…
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