A Globo sendo a Globo?

Há décadas a Rede Globo utiliza sua grande audiência, mesmo que tenha decaído bastante no último ano, para disseminação de matérias que atendam a seus interesses. Até aí, fica limitada apenas a questionamentos de sua isenção na atividade jornalística. Mas, a partir do momento que divulga produto fruto de um crime, da forma como foi realizada, ultrapassa os limites da ética e da responsabilidade.

Sem julgamento de mérito dos conteúdos, o fato é que a invasão  de conversas telefônicas, independente de serem ou não de membros do Judiciário, da forma que foi feita constitui uma atividade criminosa. Penso que se houve algum desvio de conduta nas relações entre o então juiz Sérgio Moro e membros do Ministério Público, ele deve ser apurado e as providências cabíveis devem ser tomadas. Mas, para tal, é necessário primeiro atestar a veracidade dos supostos diálogos, na íntegra, para, em seguida, contextualizar e verificar se houve alguma ilegalidade nas conversas. Dito isso, é preciso identificar o hacker que enviou o material. Também não seria concebível que um criminoso tivesse sua identidade protegida sob alegação de sigilo da fonte por parte da mídia.

Ninguém está acima da lei, mas é inegável a grande contribuição que a Operação Lava Jato tem prestado no combate a este câncer social que tem sido a corrupção. Igualmente indiscutível que este grupo tem sofrido constantes ataques por parte de pessoas que detém poder e se sentem ameaçadas.

Entendo que, por tudo que envolve este caso, há a necessidade de extremo rigor na apuração dos fatos e nas providências a serem tomadas, porém, a divulgação deveria ficar reservada para após sua resolução.

Estar em um país democrático não significa que se pode transigir a responsabilidade civil, muito menos desrespeitar as leis e as instituições.

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‘Feminismo não pode ser lugar de mulheres com ódio de homem’, diz Camille Paglia

Em entrevista, ensaísta e professora diz que movimento se tornou ‘uma religião’ e defende o que chama de protagonismo feminino autêntico.

Governo quer privatizar Correios

Vejo como atribuições do Governo a Educação, a Saúde e a Segurança Pública. Não entendo como uma das atribuições estatais fundamentais a entrega de cartas e encomendas. Além disso, o que temos testemunhado nos últimos anos foram vários escândalos de corrupção envolvendo a empresa, uso político de seus quadros e prejuízos que já chegaram a 2 bilhões no ano. Uma empresa que já foi modelo de credibilidade, algumas décadas atrás, hoje em dia gasta milhões em indenizações por perdas e estravios ocasionados por má gestão.
Acredito que, com a privatização, ganha seus usuários e a Empresa de Correios e Telégrafos pode resgatar sua confiabilidade histórica.

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Prefeitura do Rio já gastou mais de R$ 135 mil com a reposição de peças na estátua de Noel Rosa

Pior do que lesionar os cofres públicos é o desrespeito que estes vândalos praticam contra a própria população. Este tipo de dano ao bem comum constitui uma agressão à cidade e à sua história. Além da necessidade de investigação e punição exemplar dos responsáveis, é importante uma campanha contínua de conscientização e valorização de cidadania.

Censura

Muito preocupante a censura promovida pelo Ministro Alexandre de Moraes, em relação à matéria publicada na revista Crusoé. Penso que a liberdade de expressão é fundamental para uma democracia saudável. Entendo também que qualquer cidadão, o que inclui os ministros do STF, tem total liberdade de, no caso de se sentirem ofendidos ou difamados, recorrer aos instrumentos jurídicos existentes para a preservação de sua honra ou imagem.
Em primeiro lugar foi um erro estratégico grosseiro pois, se a intenção era evitar a divulgação do que foi citado pelo Marcelo Odebrecht sobre “o amigo do amigo do meu pai”, deu mais notoriedade à matéria publicada, uma vez que despertou a curiosidade de pessoas que não são leitores rotineiros desta revista e, com a ampla divulgação da reportagem através das mídias sociais, tiveram acesso ao texto integral. Além disso, também preocupa a retirada no processo deste documento com o depoimento do Marcelo Odebrecht, sem que haja uma explicação plausível para tal. Por fim, devo ressaltar que não tenho vergonha do STF. O Supremo Tribunal Federal constitui um dos três poderes que servem como base do nosso Estado democrático de direito. Não posso confundir a instituição com as ações tomadas por ministros que estão lá em caráter temporário. Tenho, sim, vergonha de alguns comportamentos e decisões que temos acompanhado ultimamente.

A Prefeitura que eu quero

A Prefeitura do Rio de Janeiro tem dado muitas explicações, em relação à última enchente, como “chuvas atípicas”, fatalidade, etc.. Também tem se preocupado em instruir a população sobre como se comportar antes de durante os inevitáveis temporais que têm ocorrido cada vez com maior frequência, o que não deixa de ser válido. Mas tenho sentido falta de ações necessárias, da própria Prefeitura, no sentido de evitar, ou mesmo minimizar, a tragédia ocasionada por estas inundações e deslizamentos. Gostaria de ver obras de contenção de encostas nas áreas de risco, construção de mais reservatórios subterrâneos de águas pluviais (“piscinões), utilização de revestimentos permeáveis em ruas e calçadas para evitar que fiquem alagados, projetos de urbanização que leva em conta o escoamento nas águas de chuva, além de maior fiscalização e combate às obras irregulares. Essa é a Prefeitura que eu quero.

Tragédia anunciada


Há apenas três dias publiquei um texto, por ocasião da enchente que assolou várias áreas do Rio de Janeiro. Coloquei como uma das causas as construções irregulares, uma vez que produzem verdadeiros tamponamentos em terrenos anteriormente permeáveis, além de interferir diretamente no escoamento das águas.
Hoje em nova tragédia ocorrida na comunidade da Muzema, na zona oeste de nossa cidade, dois prédios construídos irregularmente desmoronaram, causando mortos e feridos. Segundo informações da prefeitura, já havia sido entregue notificação para interdição da referida obra. Porém, alguns pontos da região, onde se localiza esta comunidade, são comandados por milícias que “autorizaram” e “protegeram” a obra ilegal. Sendo assim, a construção desprovida de qualquer controle, ou mesmo preocupação, em relação à segurança, aumenta enormemente a chance de se tornar uma tragédia anunciada. Por outro lado, o governo municipal se demonstra impotente, perante este poder paralelo das milícias, por não conseguir impedir esse tipo de acontecimento.
Isto posto, permanece a dúvida:
Até quando ficaremos reféns da marginalidade e assistindo a inoperância do governo para deter este tipo de situação?

Trem ou ônibus?

Hoje completam 100 dias de governo do Wilson Witzel.
Na sua campanha, prometeu a substituição dos ônibus BRT por trens modelo VLT, mas não o vi tocar mais no assunto.
Penso que seria um grande passo para o início de modernização no transporte público em nossa cidade. O VLT transporta muito mais gente, com energia limpa e não poluente, além de já ter as baias e terminais que podem ser aproveitados.Enquanto isso, na Zona Oeste, os ônibus BRT estão sucateados, levam desconforto e até risco para os passageiros. Já chegou, inclusive, ao extremo de um deles soltar uma roda enquanto trafegava. Um dia peguei um desses ônibus BRT do aeroporto até a estação da Alvorada. Seria cômico, se não fosse trágico, quando li no muro de uma casa no trajeto: “Uns têm conforto, outros tem BRT”. Transporte de massa é transporte sobre trilhos. Enquanto o mundo civilizado investe em trens e metrôs, velozes e confortáveis, aqui no Brasil ainda insistem em transporte sobre rodas…

Chuvas

Mais um temporal, mais inundações, mais mortes.
Esta história sem fim sempre cai na conta de tragédias da natureza.
Será? Será que não tem solução? Será que estas situações serão classificadas eternamente como imprevisíveis e insolúveis?
A cidade do Rio de Janeiro fica localizada em uma planície cercada de morros e montanhas, portanto, um cenário propício para deslizamentos e enchentes. Até entendo que na urbanização desta cidade não foi criado um sistema eficaz de escoamento das águas da chuva. Porém, isso não significa que não se possa realizar investimentos em ações preventivas nas áreas de risco de deslizamento ou inundações, além de projetos de urbanização que levem em conta a geografia da cidade. No ano passado, o município gastou apenas 66,2 milhões de reais para tentar evitar este problema recorrente (57,3% do previsto no orçamento para controle de enchentes e 78% menor do que o gasto em 2014). Também há falta de fiscalização nas áreas em que ocorrem construções irregulares, onde anteriormente havia vegetações e o solo era permeável, provocando um verdadeiro tamponamento do terreno e com impacto direto na falta de escoamento das águas.
Enfim, até quando teremos que conviver com esse caos decorrente do descaso e ineficácia do poder público?
Enquanto isso, assistimos o Rio de Janeiro entregue à própria sorte e ficamos torcendo para não chover …

Novo Ministro da Educação

Abraham Weintraub

Confesso ter ficado um pouco decepcionado com a nomeação do novo Ministro da Educação, pois esperava uma indicação técnica. Com essa atitude, Bolsonaro reafirma seu propósito de priorizar neste ministério o combate às ideologias anteriormente praticadas, além de também ficar claro a forte influência do Olavo de Carvalho no atual governo. O economista e professor Abraham Weintraub se notabilizou mais em seu histórico por ações e declarações polêmicas, enquanto sua produção acadêmica foi apenas discreta.
Entendo o Ministério da Educação como uma das grandes prioridades nacionais e espero que não se apequene em uma restrita cruzada ideológica. Necessitamos de ampla discussão e reestruturação do Ensino em nosso país. Com o enorme potencial que temos, anseio e torço para que o novo Ministro da Educação cumpra seu papel e faça uma excelente gestão.