
por Marco Antônio Menezes – Técnico em Segurança do Trabalho
FRASE DA SEMANA:
“As grandes coisas não são feitas por impulso, mas através de uma série de pequenas coisas acumuladas.” (Vincent Van Gogh)
HOJE VAMOS FALAR DE: ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS
Você trabalha na Construção Civil ou em Área Rural?
Então preste atenção a este pequeno artigo sobre Acidentes com Animais Peçonhentos.

Vocês devem ter visto que na semana passada, um rapaz foi picado por uma cobra Naja e ficou em estado grave. Pedro Henrique Lehmkul foi picado pela naja na última terça-feira (7) e foi internado logo após o episódio em um hospital privado na região administrativa do Gama, a 30 quilômetros do centro de Brasília.
Acidentes por animais peçonhentos representam um sério problema de saúde pública nos países tropicais.
Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) mostram que animais peçonhentos são o segundo maior agente de intoxicação humana no Brasil, sendo suplantado apenas por medicamentos.
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), vinculado ao Ministério da Saúde, vem a cada ano registrando um aumento nos números de notificações para animais peçonhentos.
Em 2010 foram notificados cerca de 124.000 acidentes por animais peçonhentos. Em 2014 esse número se ampliou para mais de 170.000 acidentes, sendo os mais frequentes os causados por escorpiões (cerca de 88.000 acidentes), seguidos por serpentes e aranhas (cerca de 27.000 acidentes cada) e por abelhas (cerca de 14.000 acidentes).
Em todo o Brasil, o número de acidentes por animais peçonhentos vem crescendo, inclusive nas grandes capitais, em virtude principalmente de desequilíbrio ecológico ocasionado por desmatamento e alterações climáticas ocorridas ao longo de vários anos. Esses fatores, aliados ao crescimento urbano desordenado, geram a sobreposição de uso do espaço pelo homem e por esses animais, que acabam buscando abrigo e alimento nas cidades.
A ocupação das áreas extradomiciliares pelos animais peçonhentos nas grandes cidades vem alteração o perfil desses acidentes, que antes eram quase que exclusivamente rurais.
Atualmente, algumas grandes metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo, já apresentam índices de notificações de acidentes superiores as regiões menos urbanizadas, principalmente no que se refere aos acidentes por serpentes, podendo-se aplicar o termo “urbanização do ofidíssimo” no nosso país. Em pleno séc. XXI ainda temos muitos problemas a resolver neste campo. Dentre eles, podemos citar a ausência de um retrato nacional confiável sobre os acidentes por animais peçonhentos, em função de vários motivos:
- Grande número de subnotificações.
- Escassez de programas de treinamentos constantes para profissionais de saúde, visto que raras universidades no país possuem disciplinas dedicadas exclusivamente ao tema.
- Pouca conscientização da importância do preenchimento correto das Fichas de Notificação por parte das equipes de saúde.
- Não disponibilização total das variáveis clínicas e epidemiológicas pelos sistemas de informação nacionais.
- Não implementação de programas de apoio aos acidentados que sofreram sequelas.
- Falta de programas preventivos e educativos que deveriam ocorrer em nível comunitário, com o desenvolvimento de material didático adequado a cada faixa etária e com a participação ativa das organizações locais.
Somente com a integração de órgãos governamentais, pesquisadores, profissionais de saúde, professores e gestores de saúde pública, conduzindo o problema dos acidentes por animais peçonhentos ao seu real lugar de relevância, poderemos minimizar os graves impactos que esses acidentes vêm causando na população, principalmente no que diz respeito aos trabalhadores.