Esclarecimento

Estamos chegando ao final de outubro, mês da importante campanha contra o câncer de mama, tumor maligno muito frequente nas mulheres. Transcrevo abaixo um importante texto de esclarecimento escrito por algumas das principais entidades médicas no país.

“A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) se veem no dever de divulgar, mais uma vez, os esclarecimentos abaixo em resposta a posicionamentos nas mídias sociais que disseminam de maneira irresponsável informações distorcidas sobre a detecção e diagnóstico do câncer de mama. Assim, gostaríamos de afirmar:

• O câncer de mama é o tumor mais frequente entre as mulheres e a principal causa de morte por tumor no Brasil e no mundo. Entretanto, no Brasil, diferentemente dos países desenvolvidos, a mortalidade pelo câncer de mama continua aumentando.

• A causa do contínuo aumento da mortalidade é a falta de programas de rastreamento adequados ou a baixa adesão da população aos programas oferecidos – principalmente devido à falta de informação ou então acesso a informações distorcidas, como estas recentemente veiculadas. Também se deve a falta de acesso em tempo hábil aos tratamentos recomendados.

• Deve-se enfatizar que a mamografia é o único exame que, quando realizado de maneira sistemática a partir dos 40 anos em mulheres assintomáticas, comprovadamente leva a uma redução da mortalidade pelo câncer de mama. Isso foi demonstrado através de grandes estudos realizados em mais de 500 mil mulheres, sendo observado uma redução da mortalidade que variou entre 10% a 35% no grupo de mulheres submetidas ao rastreamento em relação às que não eram submetidas.

• Dessa forma, as principais sociedades médicas no Brasil e no mundo são unânimes em recomendar o rastreamento mamográfico para as mulheres assintomáticas, iniciando a partir dos 40 anos ou 50 anos (dependendo do país), com uma periodicidade anual ou bienal (também variando em alguns países). No Brasil, as sociedades médicas recomendam o rastreamento mamográfico anual para as mulheres entre 40 a 75 anos.

O autoexame detecta o tumor quando o mesmo já está em uma fase adiantada, não tendo estudo que comprove qualquer benefício para a redução da mortalidade, não devendo ser adotado como método de rastreamento.

• O risco de câncer radioinduzido é extremamente baixo, tendo em consideração as doses de radiação envolvidas em cada exame. E não existe estudo que demonstre que os riscos excedem os benefícios, na faixa etária recomendada.

Citação de absurdos como “uma biópsia leva a desenvolver câncer” ou “que a radiação na mamografia é prejudicial” foge a compreensão de qualquer médico com um mínimo de conhecimento na área oncológica.
Dessa forma, a indignação é porque muitas mulheres que têm acesso a postagens e até vídeos fazendo tais afirmações podem considerar não realizar a mamografia. E isso pode significar a perda da chance de detectar o tumor de mama em uma fase inicial, em que se pode oferecer a possibilidade de cura e tratamentos menos agressivos.

Comissão Nacional de Mamografia – Colégio Brasileiro de Radiologia, Sociedade Brasileira de Mastologia, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

Hoje é 18 de outubro: Dia do Médico !!

Médico é aquele cara que diz qual é a sua doença (mesmo que seja só uma virose), e lhe passa algum tratamento (mesmo que seja só dipirona). Médico é o rapaz da equipe de saúde que tem de assinar o atestado de óbito, e dizer para a uma mãe que o filho de 14 anos morreu. E isso dói. Médico é um cidadão que estudou na universidade 8.400 horas durante 6 anos, com uma média de 2 provas por semana (provas estas de nível bem acima das provas de residência), que trabalhou 2 anos de graça para o SUS como estagiário, onde nem direito a almoço teve, e que ficou evoluindo enfermaria no dia das mães, carnaval, natal e ano novo. Médico é o cara que recebe ameaça (verbal e física) para dar atestado médico a uma dor de cabeça, fato este que ocorre várias vezes ao dia. Médico é o profissional que entra em cirurgia de paciente soropositivo para AIDS, morrendo de medo de se furar, e ganha 1/5 de salário mínimo no adicional de insalubridade por este risco. Médico é o ser humano que, por lei, tem direito a 1 hora de pausa para almoçar no meio do plantão, mas engole a comida em 15 minutos porque a fila de atendimento é gigante. Médico é parte dos 99% dos profissionais que recebe a má fama do 1% que age sem ética. O governo não investe em saúde, mas põe a culpa na falta de médicos. Digam-me: a culpa de escolas sem professores é dos professores? Médico muitas vezes é um cidadão que serve 1 ano obrigatório no Exército, no caso dos homens, e faz residência de 3-5 anos, trabalhando 60 horas por semana com uma bolsa de R$ 3.330,43 (bruto). E que, quando exige um pagamento compatível com essa formação, é chamado de egoísta, playboy e mercenário.

Se você teve saco de ler até aqui, parabéns! Porque nós médicos aguentamos isso na carreira inteira. E não digo isso para elevar a categoria ao status de semideus. MÉDICO NÃO É SEMIDEUS. MÉDICO É GENTE IGUAL A VOCÊ. Tem sono, fome, saudades, vontade de brincar com os filhos e ficar com a família. Médico morre de raiva de ver um paciente morrer porque o SUS não funciona.

Por isso, da próxima vez que se perguntar por que os médicos estão indignados, leia o texto acima. Não trabalhamos para encher a carteira de dinheiro, trabalhamos porque gostamos. Dinheiro, queremos para pagar as contas, para o lazer e comprar remédio para os filhos, assim como você faz. Somos médicos porque amamos nosso trabalho, amamos cuidar de outros seres humanos, e não tem dinheiro no mundo que pague isso de volta. Amo ser médico e foi a melhor escolha que eu fiz para a minha vida. Portanto, parabéns a todos os médicos deste Brasil que tiram leite de pedra, e aguentam as difamações do governo contra nossa classe. Vocês fazem deste país um lugar cada dia melhor.

Afinal, o que é candida?

A candidíase vaginal é causada por um fungo chamado candida. Ele normalmente está presente no canal vaginal mas, quando aumenta em quantidade, provoca uma infecção, a candidíase, que pode trazer um grande desconforto. Chega a ser tão comum, que brinco ao dizer que a única mulher que nunca teve candidíase é aquela que ainda vai ter.

Como  todo fungo, a candida se multiplica com facilidade na presença de umidade e calor. Quando isso acontece, pode aparecer uma irritação na pele (tipo assadura) com um corrimento branco e espesso, parecido com nata de leite, e ser acompanhado de ardência ou coceira que pode ser intensa. A candidíase vaginal não é uma doença grave. Normalmente fica restrita à área genital mas pode causar uma coceira tão forte, que a mulher chega a se ferir coçando.

O tratamento é simples e pode ser feito através de comprimidos ou cremes locais. Já a melhor forma de se proteger da candidíase é evitar, exatamente, o calor e a umidade. Não é uma tarefa fácil em cidades quentes como o Rio de Janeiro, mas usar roupas íntimas de puro algodão ajudam muito. Calças apertadas, de tecido grosso como jeans, e calcinhas de material sintético (mesmo as com forro de algodão) atrapalham a pele respirar e acumulam umidade, ao longo do dia, através da transpiração. Ninguém vai deixar de ir à praia mas tem que ter o cuidado de, assim que chegar em casa, tomar um banho e colocar uma roupa seca. Vale o mesmo para quem faz ginástica. Assim que terminar o exercício, tomar um banho, de preferência na própria academia, para ficar o menor tempo possível com a roupa suada. Na higiene íntima, procurar usar sabonetes neutros para não irritar ainda mais a pele. Estes cuidados podem não impedir totalmente que a mulher, uma vez ou outra, tenha candidíase. Mas, certamente, vai deixá-la mais tempo livre deste desconforto.

Campanha de vacinação

É lamentável que nenhum, repito, NENHUM município do estado do Rio de Janeiro tenha alcançado a meta de cobertura da vacinação contra gripe.A campanha, que começou há mais de um mês e meio, alcançou um pouco mais da metade da cobertura. Por este motivo, a  Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro – SES/RJ prorrogou o prazo para vacinação até o dia 15 de junho.

A imprensa tem divulgado muito pouco a campanha de vacinação. Sendo assim, muitas pessoas desconhecem a existência da campanha, além de abrir espaço para o surgimento de informações falsas sobre as vacinas. É fundamental que a mídia divulgue e esclareça assuntos de real importância para a população. As vacinas atualmente estão cada vez mais seguras e são as principais armas que temos contra as doenças preveníveis.

Tem prioridade para a vacinação gratuita:
– Crianças de 6 meses a 6 anos. incompletos (5 anos, 11 meses e 29 dias)
– Gestantes.
– Mulheres que deram à luz nos últimos 45 dias.
– Pessoas com mais de 60 anos.
– Profissionais da saúde.
– Professores da rede pública e particular.
– População indígena.
– Portadores de doenças crônicas, como diabetes, asma e artrite reumatoide.
– Indivíduos imunossuprimidos, como pacientes com câncer que fazem quimioterapia e radioterapia.
– Portadores de trissomias, como as síndromes de Down e de Klinefelter.
– Pessoas privadas de liberdade.
– Adolescentes internados em instituições socioeducativas, como a Fundação Casa.

Vamos todos nos informar, vacinar e ajudar a divulgar a campanha !!

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Cuide da saúde … e das crianças

Não é segredo para ninguém que devemos cultivar hábitos saudáveis de alimentação, principalmente nas gestantes e crianças. Entretanto, não é fácil resistir às ofertas e intensas campanhas de marketing sobre os produtos industrializados. Com isso, estamos observado a obesidade crescer no Brasil, especialmente nas crianças de 2 a 5 anos. 
Pesquisadores da Universidade de Columbia publicaram um estudo na revista americana Academic Pediatrics, que pode perfeitamente ser aplicado em nosso país. Eles verificaram que o consumo regular de bebidas açucaradas pelas gestantes, ou crianças de até 2 anos, podem levar a uma futura obesidade infantil. 
Organização Mundial da Saúde já apontou o Brasil como um dos países com consumo de açúcar acima da média recomendada. Comprovamos isso, entre outras coisas, com uma farta ingestão de sucos industrializados, leites com sabor e refrigerantes, onde todos têm grande quantidade de açúcar. Vale lembrar que a melhor bebida para hidratar o corpo, principalmente dos bebês, é simplesmente a água, como diz a Sociedade Brasileira de Pediatria. A ingestão de sucos é importante no quesito vitaminas, porém deve-se ter sempre a preferência pelos sucos naturais e sem açúcar.
Sendo assim, vamos cuidar mais de nossa saúde e de nossas crianças, ingerindo mais água e suco de frutas frescas sem açúcar. 

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Inclusão ou não exclusão?

O exemplo veio da Argentina onde, pela primeira vez, uma pessoa com Síndrome de Down se torna professora. Devemos lembrar que ela não tem uma doença adquirida, mas nasceu com uma condição genética diferente das outras pessoas. Esta diferença não gera uma incapacidade, apenas uma velocidade diferente no aprendizado, tudo no tempo dela. Por outro lado, vale ressaltar que a inclusão social se inicia no nascimento, evento no qual, a partir dele, o indivíduo se insere na sociedade. Em seguida, o que vemos é a sociedade evoluir e manter este convívio. Penso que o único motivo que teríamos para afastar um indivíduo de seus pares seria uma transgressão, do primeiro, aos princípios e valores das pessoas que o cercam. Dito isso, não entendo como “inclusão” o fato de um portador da Síndrome de Down frequentar uma escola comum, já que este seria o caminho natural de qualquer pessoa. Também não encaro como “inclusão” o fato de um portador dessa síndrome atuar como um professor, se ele tiver capacidade para tal. Porém, vejo como uma condenável exclusão o eventual impedimento ou afastamento de alguém, motivado apenas por esta alteração genética.
Não se trata de uma discussão semântica mas, sim, na forma de como encarar esta situação. Não vejo um ato natural como uma benemerência, mas entendo a exclusão como uma atitude perniciosa.
Importante lembrar quão nocivo pode ser qualquer tipo de preconceito, uma vez que eles levantam barreiras que podem dificultar, ou mesmo impedir, uma pessoa de ter uma vida próspera, feliz e saudável.

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Proibido adoecer

Fica cada vez mais insustentável a manutenção de uma assistência médica digna no Brasil. Além da conhecida baixa a qualidade dos serviços públicos de saúde, que conseguiu piorar ainda mais nos últimos anos, a Agência Nacional de Saúde  Suplementar (ANS) demonstra sua incapacidade, ou falta de vontade política, em impedir esses aumentos abusivos nos valores praticados pelos planos de saúde. Com aumentos que alcançam quase o dobro da inflação registrada no país, são inaceitáveis as argumentações da própria ANS para tentar justificar os preços cada vez mais altos cobrados pelas operadoras de saúde. Os representantes de classe das diversas categorias de profissionais de saúde lutam a duras penas por reajustes que têm ocorrido abaixo do índice inflacionário. Além disso, utilizar nos cálculos de reajuste dos preços a taxa de utilização dos serviços de saúde que é informada por órgãos das operadoras de saúde configura, minimamente, um conflito de interesses. Segundo o Valor Econômico, a  inflação dos planos foi de 8,71%, enquanto o da inflação geral foi de 5,96%, e a do setor saúde, de 5,51%. É  lamentável que a ANS, empresa vinculada ao Ministério da Saúde para regular os planos de saúde em defesa do consumidor, esteja tão alinhada com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade representante dos planos privados de saúde.Enfim, espero que tenhamos saúde para enfrentar tudo isso …
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Inteligência Artificial avança no campo dos medicamentos

Há algumas semanas, fiz um post comentando sobre os limites da inteligência artificial. Ontem foi publicado, em um importante site internacional de negócios e economia, uma notícia que demonstra bem o grande potencial da inteligência artificial na área da saúde.
A Recursion, uma das maiores empresas  no emprego de inteligência artificial na indústria farmacêutica, divulgou que abrirá uma parte do seu gigantesco banco de dados e convidará a comunidade científica para o desenvolvimento de novas tecnologias para a descoberta de novos medicamentos. Com isso, abre a perspectiva de que novos medicamentos cheguem ao mercado com maior velocidade, além de possibilitar às empresas menores, limitadas por custos proibitivos da pesquisa neste ramo, que tenham a possibilidade de produzir remédios para segmentos específicos.
Parabéns à empresa Recursion pela iniciativa.

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Hipertensão: a responsabilidade é de todos nós

Por ocasião do Dia Nacional de Prevenção à Hipertensão Arterial, 26 de abril, cabe uma sugestão que, se acatada, reduziria muito a ocorrência e as complicações desse grave problema em nosso país. A proposta é: medir a pressão de todos os pacientes atendidos na rede pública.
Seria um avanço em termos de prevenção, porque cerca de 80% dos brasileiros utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS). Ou seja, teríamos uma ampla cobertura no controle desse mal.
A pertinência dessa medida se torna ainda mais enfática ante a constatação de que, no Brasil, apenas 15% dos hipertensos estão diagnosticados, tratados e controlados. Deve-se frisar, ainda, que o constante monitoramento dos pacientes é fundamental, pois vários abandonam os remédios ou sequer iniciam o tratamento.
Isso ocorre porque, na maioria dos casos, a hipertensão é assintomática. É urgente criar um hábito relativo ao tratamento correto e sistemático, com o devido acompanhamento.
Seria importante, nos primeiros meses dos governos estaduais e federal, que as autoridades da área dessem especial atenção a esse cenário, considerado um dos mais graves do mundo na saúde pública. Os números assustam: de 20 a 30 % dos adultos são hipertensos.
Na faixa etária entre 65 e 80 anos, o mal atinge 40% dos indivíduos. Dentre os maiores de 80, metade possui pressão alta – e essa é uma das causas mais recorrentes de quadros como infarto do miocárdio, AVC, aneurisma e insuficiência cardíaca, responsáveis por um terço das mortes no Brasil.
Assim, o combate à hipertensão é prioritário. E o melhor caminho é a prevenção, eliminando os fatores de risco. São eles: tabagismo, alimentação inadequada, obesidade, sedentarismo, colesterol e triglicérides elevados, excesso de consumo de sal e álcool, estresse e diabetes.
Virando a moeda, fica claro que dieta saudável, atividade física regular (sempre após orientação), abandono do cigarro, redução do consumo de sal e moderação no álcool, emagrecimento e fuga do estresse são as principais medidas preventivas. Uma avaliação médica periódica completa a lista de táticas que deixam a pressão nos níveis ideais.
A hipertensão afeta hoje 40 milhões de brasileiros. O serviço público atende de maneira razoável no tocante aos medicamentos e tratamentos regulares. No entanto, a questão mais preocupante é a resistência dos indivíduos em não alterar seus hábitos cotidianos. É essa cultura que precisa ser alterada para evitarmos milhões de mortes anuais.
Cuidar de algo tão expressivo não é missão somente do governo, mas também das famílias, empresas e toda a sociedade. Todos são responsáveis pela promoção da vida!

*José Francisco Kerr Saraiva, médico, é presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)